Propaganda eleitoral antecipada

Quase um ano depois (sorry!), estou de volta - e por causa de uma polêmica (gosto pouco... Hehehehehehehehe).

Mal a semana começou e já estou levando "porrada" de assessorias de políticos que vão disputar as eleições. Olha que a disputa eleitoral oficial ainda é uma nuvem no horizonte... Tudo por causa de um fato bem pouco relevante (clique aqui), uma ação movida pela Procuradoria Regional Eleitoral da Bahia contra o perfil da assessoria de imprensa do governador baiano no Twitter. Vai passar a ser relevante depois que o caso for julgado, claro.

O fato é que, na noite de ontem, passei um bom tempo conversando com um colega sobre propaganda eleitoral antecipada e... Não chegamos a um acordo sobre que ações configuram a tal publicidade ilegal - dado que a propaganda eleitoral propriamente dita só pode ser feita a partir de 5 de julho.

Para mim, qualquer comunicação sobre atos de políticos que não estejam diretamente vinculados a "meios oficiais" (os canais de comunicação de governos, partidos, etc) configuram propaganda eleitoral. Isso vale para os Twitters de Wagner, do (ministro da Integração Nacional) Geddel Vieira Lima, do deputado ACM Neto, do ex-governador Paulo Souto e tantos outros. Obviamente nenhum deles tem uma conta no microblog para dizer "olha, vou levar meu carro à oficina agora".

Esse raciocínio também vale para as dezenas de outdoors que o Geddel espalhou pela Bahia no fim de ano, com a mensagem de "boas-festas" à população - acompanhada, obviamente, pelo nome e pela foto do político. É simples: nem os Twitters, nem blogs de políticos, nem outdoors nem nenhuma dessas "coisas" tem razão para existir "espontaneamente". Estão lá como peças de propaganda, pois.

Mas nada se compara ao que eu vi, no fim do ano, em Maceió - onde fui passar o Natal, de folga. A cada intervalo da programação televisiva, algum "politicão" alagoano aparecia na telinha para desejar um feliz ano novo aos espectadores. Em um intervalo, o senador Collor. Em outro, o senador Renan Calheiros. E assim foi, dia após dia... Achei incrível. E não soube que a publicidade tenha sido contestada pela justiça eleitoral.

Afinal, é ou não propaganda eleitoral antecipada?

Ainda me surpreendo...

"Gatinha, 'cê gosta mais / de Red Label ou Ice? (duas vezes)
Pra mim, tanto faz / Ou Red Label, ou Ice."

A versão, em ritmo de forró, de Rise Up, de Yves Larock, chama-se Dança do Ice (ou Melô do Ice) e foi apresentada pela banda baiana Cangaia de Jegue no fim do ano passado. É o hit das festas de São João na Bahia. Letrinha daquelas que fazem vocalistas cantarolar entre uma música e outra - para delírio dos fãs.




Folia pela metade

Semana cheia de polêmica na Bahia. E olha que nem falei sobre a decisão unânime dos deputados estaduais de manter os próprios salários, no caso dos que são servidores públicos concursados – 25 de 63 –, depois de deixarem a assembleia. (Saiba mais)

Prefiro falar sobre o bom-e-velho carnaval de Salvador. Que, aliás, foi agraciado com uma novidade bombástica: o mais tradicional circuito da festa (chamado de Avenida, Campo Grande ou Osmar), aquele que sai do Campo Grande, vai até a Praça Castro Alves pela Avenida Sete de Setembro e volta ao Campo Grande pela Rua Carlos Gomes, acaba de ser alterado. Ou, mais bem dito, amputado. Pela metade.

O projeto do Conselho Municipal de Carnaval, aprovado na terça-feira (16), é de uma simplicidade que impressiona. Para revitalizar a folia na Avenida – que vinha mesmo perdendo foliões, aos milhares, para o Circuito Barra-Ondina (também chamado de Dodô), tiraram metade do trajeto. Fica cancelada a volta ao Campo Grande. O desfile dos trios vai até a Praça Castro Alves e pronto.

O resto dos alegados 8 quilômetros (não são, eu diria que são uns 6, mas uma hora checo isso com o carro) morreu. E não é que a decisão, apesar de polêmica, faz algum sentido?

Por partes. A Avenida, de fato, estava desconfortável para todo mundo (foliões, artistas, comerciantes, etc). Com o crescimento da festa, em especial nos últimos 15 anos, os blocos de trio multiplicaram-se como Gremlins malvados na água (lembra, né?). Os foliões, idem – acho que nem seria preciso dizer. Os próprios trios também cresceram muito, em tamanho e em potência de som. E a Carlos Gomes, uma rua antiga, estreita para uma festa de tal tamanho, realmente não dava conta de receber tanta gente. O resultado, para quem estava tentando curtir o carnaval, era um empurra-empurra de horas a fio, revestido por um som distorcido, abafado e ecoado pelos prédios.

Isso sem falar dos problemas estruturais e comerciais. Na questão da logística, os desfiles tinham dois “gargalos”. Um era o Largo do Campo Grande, local onde começavam e terminavam os desfiles – onde havia, claro, uma natural confusão. Outro era a esquina entre a Carlos Gomes e a Avenida Sete, onde fica a Casa d’Itália, ponto no qual os trios se encontravam. Às vezes, as bandas resolviam “conversar”, tocar juntas e tal, e o resultado eram enormes congestionamentos de caminhões de som pela Carlos Gomes.

Na questão comercial da chamada indústria do carnaval, a rua era um caso perdido. Os prédios enfileirados impedem, obviamente, a construção de camarotes e outros equipamentos alternativos à folia. Além disso, não havia meios de as emissoras de TV transmitirem daquele trecho da festa – segundo o projeto, elas passam a ficar na Praça Castro Alves. E, como é sabido, a divulgação virou parte integrante dos desfiles (ou alguém acha que os patrocinadores colocam suas marcas nos trios por serem legítimos incentivadores da alegria dos foliões?).

Nesses pontos, o Circuito Barra-Ondina era imbatível. Mais curto (dizem que tem 4 quilômetros, mas aposto que não tem mais que 3), cheio de espaços para camarotes e emissoras, sem confusões entre trios, com o mar ao lado e várias vias, paralelas e perpendiculares, para a circulação de pessoas – outro problema da Avenida – o Dodô passou a ser prato cheio para investidores e patrocinadores e acabou atraindo a nata da festa.

Conversei com alguns foliões a respeito da mudança na Avenida. Todos – todos, mesmo – tiveram a preocupação inicial com o preço dos abadás. Raciocínio lógico puro e simples: se os desfiles ficam mais curtos e rápidos (a previsão é que durem quatro horas, em vez das seis ou sete de antes), seria natural que os valores das camisetas-ingressos fossem diminuídos. Já aviso: no geral, não serão. “Não vendemos carnaval por quilômetro rodado”, disse-me um conselheiro.

A alteração do circuito faz sentido, mas não deixo de lamentar um pouco. A Carlos Gomes era o local que mais rendia “histórias para contar” da folia. Quem já pulou ali – eu mesmo passei pela experiência algumas vezes, muito antes de me mudar para Salvador – sabe. A unha do dedão do pé perdida, a sola do tênis descolada, o celular furtado, a bebedeira, os beijos em linha de produção... Tudo naquele trecho.

Os encontros de trios na Casa d’Itália também ficaram famosos. Ainda lembro, por exemplo, do encontro entre dois blocos para lá de tradicionais, o Internacionais, então pilotado pelo Asa de Águia, e o Eva, no ano de despedida da então vocalista Ivete Sangalo, que partia para carreira solo (1999, acho). A multidão, incontrolável, correu para o meio dos trios, praticamente misturando as cordas. E as duas bandas, juntas, passaram quase uma hora tocando para a galera enlouquecida.

Era na Carlos Gomes, também, que os mais experientes na folia tentavam “faturar alto”, no sentido carnavalesco, por assim dizer. Sem a presença das câmeras de TV e da imprensa, as “celebridades” convidadas aproveitavam aquele trecho para descer dos trios e curtir o carnaval exatamente como qualquer mortal (ou seja, pulando e beijando). Vi várias e vários “se dando bem” ali. Acho que essa época acabou...

E os tucanos abraçam os carlistas

Até que demorou, mas não houve jeito. Com a proximidade da eleição presidencial, o tucanato baiano não teve como fugir e, em um acordo costurado pessoalmente pelo governador paulista, José Serra (que precisa de pelo menos um palanque forte no Nordeste para disputar a presidência), acabou abraçando, com pompa e circunstância, o blocão carlista – os Democratas, ex-pefelistas, antigos seguidores do senador Antonio Carlos Magalhães.

O acordo, fechado em um grande almoço na segunda-feira (15), foi considerado “histórico” pelos envolvidos. Não deixa de ser. É o primeiro entre os blocos no Estado, apesar da grande parceria desenvolvida entre PSDB e DEM no âmbito federal desde os tempos de FH.

No Brasil, durante aquele governo, o PSDB representava o que hoje é o PT. O DEM (ou o PFL, naquele tempo) era o “fiel escudeiro”, ou o PMDB da época. E a parceria funcionava por quase todo o País.

Na Bahia, porém, não era assim. O PFL de ACM dava as cartas. Aos outros partidos – todos os grandes, pelo menos –, restava a oposição. Além disso, o PSDB não tinha peso político no Estado.

E foi assim até a última eleição estadual, em 2006, que elegeu o petista Jaques Wagner, contrariando todos os institutos de pesquisa. Wagner contou com o apoio de PMDB, de PSDB, de PPS, de PSB, de PDT e de todos os partidos de alguma projeção, tirando, obviamente, o PFL. A ressaltar que os tucanos conseguiram eleger, naquele pleito, apenas um deputado estadual – que, aliás, está pedindo a desfiliação por causa do acordo com o DEM.

Segundo um dos fundadores do PSDB no Estado, presente ao almoço, o acordo entre os partidos tornou-se viável por causa da morte do senador, em 2007. Para ele, com ACM, a Bahia vivia uma fase de “pré-democracia”, o que impedia alianças. Agora, acredita, o ex-PFL – o Democratas – virou um partido de fato democrata. Então, tá...